segunda-feira, julho 28, 2008

casa vazia

queimo como deve ter sido. o século XX um dia depois do XIX. "pais, fizeram a minha desgraça e a de vocês" diria o maior pintor das vogais. mas existem tantas guerras, sangue seco, sacrilégios, lei humana, nobres ambições, salvação, mistérios, crueldades, fraqueza, ingenuidade e tantos outras alegorias inerentes à escravidão do batismo que o tempo todo vira um dia cheio. algumas horas que emanam luz neste angustiante distanciamento desproposital, sem hereditariedade, de nascença. como mais um prisioneiro da própria loucura e lucidez. filha do sol com o inferno no peito deito minha angústia na festa dos querubins apáticossábios desta terra [em nome de Deus], sem culpa aos meus.
para aqui vir não pedirei desculpa ao poeta pela nata ignorância em partilhá-lo por tão pouco. a mim não cabe nenhuma audácia. essa já houve no outro. mais lúcido e inquieto do que eu. nada aqui é novo [inclusive para mim]. apenas o desabafo, este sim, é meu. desde o fervor à calmaria anunciada. mas de qual eu destes tantos que há em mim? todas as corestraços opacasfortesfrágeisvibrantes se namoram na suportável velocidade utópica deste encontro sem asas, que me divido em dois, complementares, bipolares, doentes e sanos, acelerados pela máquina do tempo à esta ordinária modernidade sem volta ["a eternidade é o mar ao sol"]...ritmada no compasso irmão de A&E, do goldfrapp, com uma reprodução assustadora da risada abusada do meu pai, seguida de uma distorção corriqueira, garimpando mais familiaridade e retrocesso em poucos segundos como os flashes da minha mundana vida recorrentes pelo retrovisor.
por opção em vida neste inferno me reinventei. naturalmente, antes, obrigatoriamente agora em reticências para saudar a beleza. é preciso improvisar aos céus para acalmar os demônios! só encontro paz no som e na poesia da dança viva da fumaça. todo o resto é boa vontade, amor e temperamento. das primaveras ao fim, sempre assim. a queimar e rir. sem a benção da compreensão.

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