quarta-feira, agosto 06, 2008

luxo em drouant

não falo francês. ainda. estou namorando o español e flertando com o català. todavia, todos merecemos um pouco de paris na vida. e tive meus dias de luz. menos que outras parisienses mais afortunados ou seria...

uma mulher não se sentia muito bem, junto ao seu marido e outro casal de amigos [imagino!], no excelente restaurante do chef antoine westermann [chega a ser redundante um elogio como esse]. quando, do nada, surgem quatro guapos do sapeurs pompiers paris para 'socorrer' a senhora, de uns 55 anos, com um excesso de atenção, toques, olhares e perguntas gentis que toda mulher, parisiense ou não, merece receber, um dia, em qualquer rua romântica desta cidade.

fetiche, mal estar, pressão baixa. nesta ordem, de traz para frente, um luxo só. 30 minutos de glória marcados pelo paladar. não posso evitar. imagino esta tiazona em seda como estes tipos romanos em trajes curtos, deitada eternamente em leito esplêndido, sendo acariciada e bem cuidada pelos deuses contemporâneos. hulalá!

maybe more than 30 minutes, maybe more than cross the line. wine wine wine...

vermelha, amarela, pálida. com uma carta de vinho como a do drouant [uma das mais respeitáveis que vi até hoje], um livro com safras e mais safras de vinhos e mais vinhos, uvas e mais uvas. era mais do que um prato feito. era um convite ao excesso.

sim, tudo culpa de baco. com todas as contas pagas. afinal, "todas as festas sempre têm alguém que as paga". aí que inveja sana dos estados. do estado que paga a conta, do excesso que eu não cometi, dos mimos, do pileque glamoroso que guardo na memória. dica dada. já conhece a sobremesa.

ao final, aguardando a confirmação de que está bem, três homens. um se foi. penso que foi ao carro e deve ter chamado a central para dizer que tudo estava controlado, que a senhora já estava melhor. mais 10 minutos de três. e eles saem, primeiro. e ela se harmonisa para ir.

...não seria, foi o porre mais glorioso que presenciei. this is paris! all the lights on you.


[ladyhawke - paris is burning]

88 dicas delas para eles

1. olhar e comentar
2. enviar 'presente' sem data especial
3. um mimo ao chegar em casa
4. um telefonema ou msg 'romântica' no meio do dia
5. cinema surpresa durante a semana [no finde é básico]
6. sexo oral sempre, e bem feito [mais informações - verbais - no workshop]
7. achar lindo quando ela se produzir
8. shopping! não reclama e não precisar ir junto
9. baladas com amigos(as) são permitidas sempre
10. jantar a quatro mãos
11. abrir a porta do carro [gentileza sempre gera gentileza]
12. usar um bom perfume [dicas no workshop]
13. tomar banho antes de dormir
14. unhas bem cuidadas e limpas
15. comprar roupas novas a cada três meses
16. não quer sair? eu quero, eu vou
17. não adianta só querer, tem que demonstrar!
18. relaxa e goza
19. uma viagem romântica, só o casal, por ano
20. presentear com uma lingerie linda
21. produzir noites especiais em casa
22. atitude é fundamental aos dois
23. promete. cumpre!
24. você sabe quando 'sua' mulher está de tpm? respeite e não diga que ela está de tpm
25. quer ver o futebol? veja. vou fazer outra coisa
26. o controle remoto não é seu!
27. satisfazer os desejos em qualquer horário - lê-se, madrugada, quase sempre
28. trocar de meia e cueca todos os dias
29. se ela pedir, por favor, faça a barba
30. bom senso ao peidar
31. não confundir tesão de mijo com tesão sexual
32. não achar ruim quando ela olha para outras pessoas. é normal. você também olha
33. compartir os momentos importantes da sua vida, nos quais ela não pôde estar presente [fotos, vídeos, emails, msgs, telefonemas, etc.]
34. se posicione em relação à sogra. ela tem que entender
35. demonstrar interesse pelo trabalho dela [pelo menos tenta entender o que ela faz]
36. não ficar com a melhor amiga [mesmo que seja mais de uma]
37. lembrar das datas comemorativas do casal [nem sempre precisa fazer algo excepcional. principalmente se você cumprir direitinho o #2]
38. se colocar no lugar dela em situações conflitantes
39. servir o café da manhã [é super clichê, mas a gente adora]
40. tomar banho junto só no verão [a não ser que tenha dois chuveiros]
41. tomar pílula anticoncepcional masculina assim que for lançada
42. falar que não gosta de determinada peça do guarda-roupa e ela, claro, não usar se o argumento convencer [sinceridade é tudo]
43. não implicar com o tamanho da saia
44. jamais usar palito de dentes
45. não fazer faxina no nariz no sinal de trânsito ou no restaurante [na espanha é comum. aff!]. faxina se faz em casa, no banheiro
46. cortar os pelos da orelha e do nariz regularmente
47. você fuma e ela não? compre halls, tic tac, trident...
48. façam depilação uma vez na vida só para sentirem como é
49. seu maior prazer está na cama, não na garagem [toma ya!]
50. se ela não gosta que revele sua idade, por gentileza, não comente [nem com ela]
51. manter o espírito jovem [muito importante: não confundir com 'garotão']
52. o filho também é seu. aprenda a cuidar e educar
53. fazer o filho dormir sem reclamar, quando ela sair de casa
54. não levar seu filho, jamais, para perder a virgindade no puteiro
55. fazer compras de supermercado de vez enquando [comprar tudo o que precisa em uma casa. sabe como é?]
56. nenhum casamento sobrevive sem uma doméstica
57. 'sua' mulher não é sua empregada. nem sua mãe
58. levá-la ao show que ela e você gostem
59. o computador não é só seu. nem o aparelho de som
60. 'sua' mulher também sabe dirigir
61. não fique desempregado muito tempo. mexa a bundinha
62. valorize e demonstre que valoriza a mulher que está ao seu lado. bem diferente de exibi-la aos amigos
63. retorne as ligações
64. o trabalho dela é tão importante quanto o seu
65. ajudar nas tarefas domésticas
66. 'brinquedinho' não é concorrência, é complemento
67. levá-la para conhecer lugares novos [e aceitar convites]
68. cólica não é frescura
69. se todo mundo diz que você está 'over' é porque passou do limite. ela dirige
70. use a criatividade
71. fume maconha, transe e depois durma [é super importante saber a hora de sair de cena]
72. ocupe seu tempo enquanto o outro quer fazer algo que ama, sozinho
73. beijar na boca sempre [não importa o tempo da relação]
74. 'sua' mulher também gosta de bebidas fortes
75. o bom humor salva qualquer relação
76. é muito fácil amar alguém que está bem [precisa desenhar?]
77. pára de perguntar: "pra que tanto creme?"
78. não deixe de dizer eu te amo
79. não implicar com os amigos homens de sua mulher [nem com os gays]
80. respeite e divirta-se com as diferenças que existem entre vocês dois
81. se 'sua' mulher te perguntar se ela engordou, minta
82. defender, apoiar e pagar micos juntos
83. não discutir demais a relação
84. já que saiu de casa, você tem a obrigação de se divertir
85. não controle 'sua' ex, nem a atual [ou as duas juntas]
86. monotonia e sexo não combinam
87. precisa de um tempo para você. tudo bem. avisa antes de sumir o que está acontecendo
88. quando ela pergunta "tudo bem?", ela quer ouvir que sim ou não e porquê. aconselhamos que, ao final, pergunte como ela está também, mesmo sabendo que para vocês um "bem" já está de bom tamanho

procedimentos interessantes para que você, homem, seja mais apreciado por nós, mulheres.
a ordem tanto faz. todos estes detalhes divertidos são importantes. espero que tenham tirado algum proveito.

lista 'conquistada' entre copos de chopp claro e black, cachaça, algumas estórias, petiscos e boas risadas no exquisito em são paulo, por cinco mulheres compostas juntas - heteros, gays e bissexuais.


[blur - boys and girls]

varandear

não queria começar assim, mas fazer o quê? assim foi.
sentada na varanda da minha passageira casa em eixample, numa poltrona roja da década de sessenta, ao lado do meu banquinho posto cinzeiro, cigarros, isqueiro, celular e copo baixo cheio, mirando a paleta de cores azuis em movimento acima do pátio do colégio, das varandas alheias, umas poucas acessas, e um barulho remoto de taças a subir de algum bar, de algum bar, abajo.
eu aqui. consumi quase meia garrafa de whisky pensando na vida. solidão? também. mas vai além.

casualmente resolvi ouvir vanessa da mata. talvez porque busquei no deezer.com e não achei muita coisa. na verdade, praticamente nada da mata. aliás, o lastfm.com está um pouco melhor. embora eu acabe sempre postando sons [que para mim] são antigos, nesse encontrei the do, banda franco-finlandesa, que um site brasileiro afirmou ser a mistura de pj harvey com regina spektor. fui escutar, claro. não estou de acordo mas vale a pena ouvir at last pela manhã. gostei mais dos artistas similares.

atrás, no quarto, uma observação. a televisão espanhola é tão aburrida quanto a brasileira. nosso produto de exportação, as novelas, gostem ou não, estão, realmente, muito bem. está certo que no final, como diria daniel filho - por quem não tenho muita simpatia, mas que sabe, como ninguém, tudo sobre televisão -, novela é uma só. janete clair, em outro patamar, que o diga. aqui o que mais se vê são os asquerosos programas de fofocas e muitos concursos para levar uma graninha extra. tem de todos os tipos, entre parejas, de músicas, por um milhão e, entre tantos, um sobre a língua espanhola - com um apresentador super carismático que chega a ficar mais guapo por ser simpático. eu adoro gente de boa onda. fato. e este programa, confesso, via, para avaliar como estava meu espanhol.

de volta, daqui, com os pés cruzados na grade cinza trabalhada, vejo a ponta de uma igreja que ainda não visitei. na verdade não devo ir, a exceção da sagrada família que quero conhecer por dentro. como vou mudar de piso - de novo! -, vou viver muito perto dessa filha de gaudí, que continua em obras há quase 100 anos, com dezenas de arquitetos e engenheiros dando uma outra roupagem ao projeto finalizado, em detalhes, pelo artista, que, ali, morreu acidentalmente. é gritante a diferença do que foi e do que continua a vir.

casa nova, vida nova. meu novo clichê com duas espanholas guapíssimas que me abraçaram [merci!]. e um amigo de sampa que chegará em setembro com unas ganas por descubrir barcelona que yo echo de menos ese tio! a ver!
não estou tão só quanto parece.
sem amores fixos, sem endereços plurais, sem beijos de boa noite. começo da nova vida indie, que sempre quis, por aqui. por ali e acolá.

"aprendiz de tudo, maestro de nada". feliz na sacada, até o último gole, com vanessa e uma cama toda preta pronta.
sonhos e amanhecer. a lentidão da mudança, na cadência da cidade, do ritmo novo do outro, no traçado exposto de tudo aquilo que há de me levar para além de qualquer olhar. meu retrovisor futuro de estórias. contemplAÇÃO. nas varandas desta vida nômade minha de saídas, idas e vindas, visitas, amores, amigos e horizontes. pra frente é que se anda.

ps: me encantam as varandas! dizem tanto. pena que no brasil não temos esta possibilidade de olhar. católicas onze badaladas. desliga essa tv, caralho!


[vanessa da mata - não chore homem]

sexta-feira, agosto 01, 2008

no pasa nada :)

hoje só trabalho até às 15h. entonces, nada de textinhos!

ontem vi o filme de Sex in the City. na próxima semana escrevo [mais] sobre amor.
à noite, cinema ao ar livre com show antes da sessão, com direito a pique-nique e berinights!
amanhã diana krall ou caribou e, quizá, um churras por la tarde.
domingo praia!!!! tô muito amarela.
bom final de semana a todos.
uns beijos.

quinta-feira, julho 31, 2008

quero te esquecer porra!

passa passa passa
vai embora daqui
dor sem consentimento
amor inventado em terras secas

some some some
de perto de mim
não te quero aqui
quero perdê-lo de mim

longe longe longe
do que ontem via
do que hoje sinto
se afasta de mim

esquece esqueça apague
ponha um fim
neste porquê besta
que inventei pra mim

quarta-feira, julho 30, 2008

vejo flores em você

agora que resolvi desencavar meus textos e não esconder meu blog [bem diferente de divulgá-lo], sinto que devo escrever ao menos algumas linhas frescas por dia. com ou sem a companhia da inspiração. do desabafo à poesia. com vontade, sempre.
pensei em preencher com notas dos meus moleskines, mas os esqueci em casa. no pasa nada. tem coisas interesantes ali e, poco a poco, vou desnudar. vou degustar com lentidão este outro revisitar de idéias.
narrando, hoje quero continuar a falar, e finalizar com uma trilogia, sobre o assunto que mais me consumiu esta semana: trabalho. pois bem – e mal [‘a tomar por el culo’] –, as coisas parecem que começaram a caminhar por onde devem. nos reunimos, estou um pouco mais informada, tenho observações comportamentais novas e uma série de caminhos na rede para traçar, ler e estudar. isso é ótimo! o olhar trabalha com mais serenidade depois da despedida da raiva que frequentou meu começo de semana e saiu de casa com malas abarrotadas, sem deixar a escova de dente e data para voltar. melhor.
eu não sei, evidentemente, o que vai acontecer comigo em barcelona. não tenho idéia se em dezembro, como planejei, já estarei me sentindo mais confiante e no meu lugar [espero ter algum!rs] nesta oficina. na cidade, assustadora e positivamente, me senti em casa assim que cheguei. um emaranhado de informações interessantes e nuevas e eu muito à vontade, como se caminhasse entre as ruas curtas e familiares da minha cidade jardim em bh ou pela diversidade de cores cítricas brasileira da paulista. mais uma daquelas coisas sem explicação das quais tanto gosto de parafrasear.
será que fui uma princesa séculos atrás, em algum feudo rico de gente, especiarias e história? que primeiro pensamento mais romântico e infantil [rs!]. tinha que ser eu mesma escrevendo isso. certeza que algo tenho registrado sem memória no peito acolhido pelas avenidas bem projetadas deste vislumbrado pedaço de língua espanhola europeu.
o que eu fui, quantas fui, nos dias outros, voa no tempo como folhas secas de outono e, se me concentro, consigo até sentir o cheiro da primaveramãe. mas o que mais importa é que princesa eu nunca quis ser nesta vida de agora. eu adoro a alquimia do trabalhar. tenho fascinação. e o que mais quero é a oportunidade de descubrir outros talentos eternos dormidos em mim. com sol, a ver que pasa mañana, o meu hoje novo sempre por vir.

um dia de fúria, digital

preciso desinstalar este programa
eu e você
tirar da tomada
quebrar os fios e a parede
derrubar a casa
o prédio as avenidas
colocar tudo abaixo
empoeirado mas sem cinzas
quero cores vivíssimas
com a paulista intacta
só para eu passar

pro dia nascer feliz

em casa mensagem da sá. saudade dêmás piscando laranja no meu monitor. que delícia ler você falar coisas esperadas boas. também amo você e estou adorando a narrativa inicial. quero ver suas loucuras nas baladas coloridas e radioativas londrinas a esfumaçar freedom taste. que vontade de ir e que vontade de continuar aqui. duas estradas. dois enredos. contentamento.
quero conhecer o lilás dos seus dias e nova rotina. o vermelho dos desejos a escrever uma nova estória. o verde das manhãs daquela noite surreal que você acha que definitivamente é a melhor e outros verdes variáveis cintilantes efervescentes das propostas inusitadas que te flamejam os olhos quando ditas em três segundos ao acender o cigarro gold label. amarelamento d'alma. quero ouvir todas suas cores e nuances performáticas. seus passos amores dores dúvidas escolhas consequências satisfações latente viva mulher.
acabei de almoçar cogumelos naturais finos esfarelados mel escuro a gosto. comentei à mesa posta sobre a saudade reforçada da vez. das conversas inteligentes em qualquer esquina composta de assentos e cardápio vasto ou raso. dos labirintos possíveis que traçávamos a quatro mãos. das risadas e conclusões dispostas e verdadeiras de que a gente se fazia bem. de que todas as questões eram sensatas e desafiadoras. a certeza que ali aprendíamos a nos perceber permitir perdoar e avançar. você. muita falta.
quebrei um pouco o compasso, mas continuo ouvindo rock 'n roll pra aliviar as idéias. como comentei o chico me levou ao nocaute naquele sábado iluminado em azul e branco frio. mesmo assim eu insisto. eu gosto. já ouviu a música do tv on the radio que te disse? aquela excelente pra acordar e devorar o dia com pouco ânimo no fim de tarde e cinco minutos pra se oferecer às horas dispostas da noite. acabou de tocar.
vou continuar por aqui olhando as mesmas coisas para organizar nestes metros retangulares de horas e horas a fio pensando e agindo nem sempre com tanta prioridade como antes para eu não cansar de mim mesma e cantar pro dia nascer feliz puta da vida às 6h da manhã. sem pôr do sol.


[belle and sebastian - get me away from here, i'm dying]

aquele que grita em silêncio pulsa

a noite passada foi assim. solitária. com exceção de uns goles nostálgicos em boteco temático 'made in usa' conversation. batata frita caseira grossa e macia como àquelas dos meus 15 anos acompanhada de coca-cola entre os livros didáticos e brigadeiro após a ingestão das idéias rasas que nos 'vendem' com código de barra. minhas amigas adoravam ir estudar comigo [rs]. as colunas também eram de anos atrás. mais remotos ainda. da minha infância conturbada no interior de minas. da 'bela e a fera' como o próprio título da matéria sugeriu aos 11 anos em luto. mas os anos são outros. modernos até demais pro meu requintado e clássico gosto. mais perdidos com menos contexto e mais pretextos para poder extrapolar sem propósito. coca cola é isso aí! sempre gostei deste slogan pela diversidade do uso. outro querido autoral e autobiográfico: uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa e uma coisa não anula a outra. faz tanto sentido pra mim.
voltando às quatro cadeiras e à mesa com original e seis olhos dispersos. havia também uma curiosa combinação ao lado do cardápio com 'we speak english' no rodapé. três revistas postas lado a lado: carta capital quem e umbada abaixo das abóboras que anunciam a comemoração de halloween com direito a convidado ilustre cientista para papear conosco sem termos técnicos i hope so. não sei quem precisa mais de óleo. meu inglês mofado ou meu português descuidado. carente de novas leituras e comprometimento com a língua e as possíveis novas espumas consistentes em guardanapos pb. preciso voltar a desenhar à noite. bíblias deste crescimento doloroso e fértil.
cenouras lisas carnes ensacadas em porções das disposições ainda por vir entre os azulejos caretas deste imóvel de pé direito alto e sala vazia com sacada exposta e convidativa aos pensamentos com tragos trançados ao horizonte. preciso comer e me arrumar para sair. a rua chama meu nome pela janela deste retângulo acomodado e rico. não quero afagar pôr no colo amamentar nem cobrir o silêncio. está tudo tão evidente mais vivo e doce nos meus olhos. pouco tenho a dizer a quem deseja qualquer merda ouvir. poupo os ouvidos alheios e minha boca cúmplice cala a bagunça os sentimentos e os desejos mais serenos desta alma velha neste corpo sedento.
tudo que é claro está dito. negros são os dias dos outros. quem espia de soslaio: fechadura televisão rua hobby. quem casa consigo não olha pro lado não atropela não pára a rua. se manifesta mudo e seguro. vale a pena se presentear. comprometer-se a arrumar a casa seu bem estar amar-se. venho feliz lhe trazer flores imortais coloridas e cheirosas. cada 24 horas constroem o amanhã a partir do presente que hoje pulsa. e como pulsa!


[my morning jacket - wordless chorus]

muito mais

parece que nada muda e tudo sempre gira. tudo muda em carne viva. chega a dar falta de ar.
parece que tudo isso não vai ter fim. que voltei à juventude. que não aconselho mais.
parece que não há mesmo o que dizer. sobre nada. tudo é tão livre possível flexível. tudo é prático. tudo é individual. particular.
parece que o mundo vai para um lado e eu sigo para o outro. dolorido. mutante. para sempre.

parece que estou sozinha. ninguém me entende. ninguém me enxerga. nenhum ouvido aberto.
parece que nem vale a pena dizer. nem sei o quê. por quê? pra quê?
parece que este choro nunca mais vai acabar. que a aflição também não. nem a dor por não saber quem sou.
parece que esta desordem vai se aquietar. que isso tudo é para o melhor chegar. parece que estou arrumando a cama.

também parece que eu não quero ouvir. me sinto exausta só de pensar. sinto que a diversão é o melhor estar. uma noite sobre a outra. meu baralho espetacular.
gosto do tumulto reservado. dos amigos diversos opostos complementares iguais. da rua dos visuais e das formas estáticas movimentos nos degraus. desta estranha tranquilidade na alma. desta confiança sem propósito no caos. dos detalhes e observações.

tudo me parece. nada a declarar. sozinha. vendo tudo se transformar. com muita saudade de mim.


[cazuza - exagerado]

close your eyes

não quero mais viver aqui. quero mudar de lugar londres paris veneza cuba qualquer lugar. o novo. matar a sede acordada. ter com o que ocupar minha atenção. meu foco primário. gente e sensações. minha matéria-prima. aonde quero estar? seja em qualquer lugar. aonde quero estar? como quero continuar a ver. qual norte forte doce. cadê o meu amor? a minha delicadez frágil. a minha bolha inquebrável. cadê quem me vê?
cadê o porquê de viver. cadê você? cadê eu?
eu sei onde estão as cores. nos detalhes. eu percebo. cadê as cores??? eu não vejo mais. não sinto. sei o que é e onde habita. cadê? cadê a dor? não tenho mais porquê. eu desço. querendo voar.

onde ficam os porquês?

Um corpo não ocupa dois lugares ao mesmo tempo.
Fecho os olhos enquanto choro. Abro. A mesma imagem branca, com linhas, madeira, aço, vidro e tinta velha. Fecho os olhos. Abro de novo. Eu ainda estou ali. Me sinto longe daquela cama com trilha. Sozinha. Melancolia sim. Sempre. Alegria é uma camada acima.
Vou morrer, quem sabe, aos 60 anos. Um sobre o outro. Várias depressões. 60 anos. Uma vida, numa realidade suja. Uma vida limitada. De muitas alegrias. De muita angústia. De muitos questionamentos. Uma vida doce. Conexões por um fio transparente e longo. Anos a fio. Interesse incompreendido. Uma vida. Aqui?! Pra onde ir? Qual o objetivo? Existe um por quê? E prossigo com tudo ao redor. Como bolhas de sabão que me seguem. Pessoas, interesse e contexto. Que porra é essa?

terça-feira, julho 29, 2008

já não sei mais como escrever as velhas novidades de todos os tempos

dançaria nua num teatro inquietante de glauber sob o sertão das min[h]as gerais.
ficaria doente na porta de casa observando a rápida chegada da chuva.
inundaria sua casa de flores pequenas sem cartão só para você me ligar.
compraria um bilhete vitalício para fazer terapia na maior montanha russa do mundo.
contaria, por uma noite inteira, as estrelas cadentes na praia da sua janela.
andaria de moto por uma semana de olhos fechados e braços abertos.
flutuaria horas ouvindo música até escorregar pelo arco-íris.
acharia um bilhete premiado no 'pingo de ouro' que garantia o fim de todos os males.
participaria de um vídeo clipe jogando atari com o céu de monitor.
mergulharia num mar de champagne para fotografar os peixinhos bêbados a sorrir e posar, ao seu lado, para mim.

crianças, demônios irmãos que arriscam sem medo, sem conceitos, sem consequência, para descobrir o que vai dar.

crescemos querendo virar anjos. todos de asas brancas pudicas e tortas.
gratuitamente ganhamos regras e mais regras do que é certo ou errado do estar de pé ao deitar-se.
com o passar do tempo enfeitamos, com nossas próprias mãos, as caixinhas mudas de segredos fartos e vergonhosos [ou nem tanto].
como a gente se atrapalha durante a vida em nome 'do bem', 'do bom', 'do certo' do outro.
cutuquem-se! para sermos melhores e donos das nossas vontades mais sinceras.
fé na estrada e pé na culpa católica.
avante diabinhos lúcidos, meus irmãos, filhos da terra do sol.
vamos saciar, com eixo único, particular, esta fome cúmplice de viver.
(odeio comida enlatada)